19 agosto 2005

Ah, se aquelas paredes falassem!


O céu escureceu e lágrimas rolaram pelos rostos de manezinhos, que lamentaram o incêncio ocorrido no Mercado Público de Florianópolis nessa manhã de 19 de agosto de 2005. As nuvens escuras cobriram o céu no Centro da cidade, transformando a manhã em final de tarde. Mas, não foram só os nativos que tiveram motivos para lamentar essa tragédia. O Mercado, além patrimônio histórico e cultural da Ilha de Santa Catarina, ponto comercial e cartão postal, era também um dos mais conhecidos pontos de encontro da cidade.
Era lá aonde se reuniam jornalistas, políticos, professores, escritores, historiadores e contadores de história, sambistas, cidadãos comuns e até autoridades, entre tantos outros profissionais e até mesmo vagabundos.
O Mercado foi palco de manifestações públicas de quase todas as espécies: eleitorais, reivindicatórias, festivas, entre outras. Mas não foram só as manifestações públicas que o Mercado testemunhou. Ah, se aquelas paredes falassem! Poderíamos até pensar que alguém teve intenção de incendiá-las para calar um segredo que jamais deveria ser revelado. Quantas declarações, quantas revelações, quantos encontros e desencontros.
Hoje, só restam tristeza, fuligem, resquícios de um incêncio que quase destruiu o Mercado Público, construído em 1898, à beira do mar, para receber o comércio marítimo, já que não existia outro tipo de ligação entre a Ilha e o Continente - a Ponte Hercílio Luz só foi inaugurada em 1926.
Também resta uma reflexão: até que ponto temos a segurança de que o Corpo de Bombeiros tem estrutura para apagar um grande incêndio, com aquelas mangueiras jorrando fios de água? Esses homens realmente têm estrutura para trabalhar, além da sua força de vontade, sua solidariedade e sua abnegação, pois correm grandes riscos para salvar vidas e patrimônios?

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